quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Sentimento de um Agente socioeducativo


Quanta luta pra chegarmos até aqui. Foram 6(seis) fases, acho que nem a NASA exige tanto. Cada um teve suas dificuldades, e quanta dificuldade. Quem mora no interior então, vixe. Tivemos que ir a Belo Horizonte, gastar com estadia, alimentação e outras coisas mais. Então o dia esperado chegou, tomamos posse. Que bom será ser um socioeducador, palavra até bonita de ser pronunciada.
Depois que começamos a trabalhar vimos que as coisas não eram “tão bem assim” como se dizia no curso de formação. Preparamos para trabalhar com adolescentes, mas esquecemos que adolescente para a lei é aquele que tem 12 a 18 anos apenas e sabemos que o conceito de adolescência é muito mais amplo. A realidade é que lidamos com pessoas já quase formadas, quase homens. A maioria já são pais, já moravam com uma companheira, alguns são chefes de tráfico e já não tem tanto “conserto” assim, mas temos que acreditar que eles mudarão, afinal somos Agentes socioeducativos e como ouvi um dia “quem não acredita nessa mudança está no lugar errado”, então temos que acreditar, não é?
A realidade (pelo ao menos a que trabalho) é que quase ninguém acredita nessa tal socioeducação, nem os próprios técnicos da Unidade, mas não por que estão na profissão errada, mas sim pelo fato de como as coisas estão acontecendo e ninguém tem a coragem de falar. Trabalhamos com o quadro reduzido de Agentes e a tal “supremacia de força” é um sonho muito distante. Para piorar a situação, dos Agentes concursados 2(dois) já saíram, só para termos uma idéia como são as coisas. Infelizmente já não temos mais nenhum respeito dos adolescente (e nem sei se já tivemos), muitos praticamente mandam. O fato de ainda não termos nenhum tumulto maior ou rebelião é que as coisas estão sendo levadas “a banho Maria”, isso evita rebelião, mas acaba com a saúde mental e física dos “pobres” Agentes que tem de suportar gritaria e falta de respeito o dia inteiro, e quando adoecemos ainda somos criticados por próprios colegas dizendo “lá vem mais um atestado”. É claro que o número de atestados tem que aumentar, pois se ninguém está satisfeito e não tem coragem de verbalizar sua insatisfação, seja por medo ou covardia, as doenças vão aparecer mesmo, e acho que ainda estão aparecendo poucas pelo nível de strees a que estamos submetidos.
Se formos elencar todos os problemas que existem, acho que gastaríamos muitas páginas, teríamos que falar de estrutura física, dos direitos a nós ainda negados enquanto Agentes, da direção, e outros mais. Vamos deixar isso para outro momento, se não vai ficará chato tanta reclamação. Essa reflexão é só para termos idéia de como anda a realidade em alguns centros que muitas vezes é “maquiada” por números estatísticos que não falam do cotidiano e só servem para elevar a poucos. E também é para que possamos nos unir e nos ajudar para que nossa classe possa desempenhar seu serviço de forma que possa haver a socioeducação.

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